A construção de uma rodovia exclusiva para transportes públicos, em Luanda, num investimento superior a 200 milhões de euros para movimentar 200.000 passageiros por dia, vai obrigar à retirada de 7.000 famílias, admitiu o Governo angolano.
A construção dos corredores de infra-estruturas de transporte público (BRT), fase 2, que servirá a província de Luanda, visando “garantir a melhoria da qualidade de vida” da população, foi autorizada por despacho presidencial de 8 de Abril último, para funcionar num sistema de transporte público de alta capacidade.
Em causa está a construção de uma via exclusiva para estes transportes com 53 quilómetros de extensão, divida em dois corredores e que vai recorrer a uma frota de 240 autocarros, do tipo regular, articulados e biarticulados.
“As obras decorrem nesta altura com alguma normalidade, temos um ‘handicap’, que está relacionado com as necessidades de realojamento de cerca de 7.000 famílias ao longo do traçado que nesta altura está a ser intervencionado, ligando o estádio 11 de Novembro à estalagem”, disse o ministro da Construção, Waldemar Pires Alexandre.
O Governo tem vindo a promover a apresentação pública deste projecto, para o qual, segundo o mesmo despacho presidencial, foi contratada a brasileira Odebrecht para a empreitada de construção, por 202.672.923,53 dólares (179,6 milhões de euros), acrescidos de 14,1 milhões de dólares (12,5 milhões de euros) para a fiscalização dos trabalhos pela empresa DAR Angola.
“Esperamos que tudo se resolva a seu tempo e em 2017 possamos ter então toda a infra-estrutura que deverá suportar esse sistema de transporte”, enfatizou o ministro da Construção, mas desconhecendo-se como será resolvida a necessidade de realojamento destas famílias.
Trata-se de um sistema de transportes de massa, que vai consignar um corredor que liga a estalagem, no município de Viana, na via expressa Luanda-Viana, ao estádio 11 de Novembro, desenvolvendo-se ao longo da estrada periférica de Luanda, desembocando pelo Lar do Patriota até à estrada Futungo II.
O trânsito é um dos maiores problemas de Luanda, com milhares de angolanos a terem de sair para o trabalho por vezes ainda de madrugada de forma a evitarem os habituais congestionamentos na circulação automóvel da capital, habitada por 6,5 milhões de pessoas.
“Este sistema vai aumentar o conforto e a segurança das viagens, gerar eficiência na produção dos serviços, oferecer tarifas módicas e flexíveis e aumentar a atractividade dos sistemas de transporte colectivo como um todo, reduzindo o tempo gasto pelo cidadão no seu deslocamento”, disse, na mesma ocasião, o ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás.